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Entenda a interferência da biotina nos ensaios laboratoriais

No Fleury, pacientes são orientados a suspender o uso da biotina 72 horas antes da coleta de testes que utilizam a reação biotina-estreptavidina em seu desenho.

O uso de biotina exógena, presente em compostos polivitamínicos e fórmulas para cuidado com os cabelos e as unhas, pode, potencialmente, interferir em qualquer ensaio laboratorial que empregue essa substância em seu desenho. Assim sendo, o Fleury incluiu, nas informações sobre preparo de exames de todos os testes que a utilizam, a sugestão de que o uso de biotina ou de complexos vitamínicos que contenham biotina seja suspenso nas 72 horas que antecedem a coleta de sangue.

Desde 2012, a literatura relata alguns trabalhos que apontam tal interferência, principalmente em dosagens hormonais, o que ganhou reforço, a partir deste ano, com várias publicações que evidenciam essas alterações nos exames de avaliação de função tiroidiana (TSH, T4, T4 livre e T3). Nesses estudos, pacientes que usavam altas doses de biotina apresentaram resultados compatíveis com hipertiroidismo, ou seja, valores elevados de hormônios tiroidianos e valores suprimidos de TSH, mas sem nenhuma manifestação clínica de tirotoxicose.

De forma prática, o uso de altas doses de biotina aumenta a concentração sérica dessa vitamina, atrapalhando os ensaios baseados na reação biotina-estreptavidina. Quando ensaios imunométricos, ou do tipo sanduíche, são utilizados, as dosagens podem ficar falsamente baixas, o que acontece, por exemplo, com a do TSH. Nos ensaios competitivos, por outro lado, ocorrem valores falsamente elevados, como nas dosagens de T4, T3 e T4 livre. Outros ensaios que empregam a biotina incluem os de FSH, LH, testosterona, ferritina e marcadores tumorais, entre outros.

Convém salientar que, na presença de testes hormonais alterados em pacientes assintomáticos que usam a biotina, a repetição das dosagens após a suspensão da substância deve ser considerada.

Referências:

1. Barbesino G. Misdiagnosis of Graves’ disease with apparent severe hyperthyroidism in a patient taking biotin megadoses. Thyroid 2016;26:860-3.

2. Elston MS, Sehgal S, Toit SD, Yarndley T, Conaglen JV. Factitious Graves’ disease due to biotin immunoassay interference – A case and review of the literature. J Clin Endocrinol Metab 2016;101:3251-5.

3. Kummer S, Hermsen D, Distelmaier F. Biotin treatment mimicking Graves’ disease. N Eng J Med 2016;375:704-6.

4. Kwok JS, Chan IH, Chan MH. Biotin Interference on TSH and free thyroid hormone measurement. Pathology 2012;44:278-80.

5. Wijeratne NG, Doery JC, Lu ZX. Positive and negative interference in immunoassays following biotin ingestion: a pharmacokinetic study. Pathology 2012;44:674-5.


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